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As montanhas guardam o cume da nossa imaginação.

Amazônia Profunda: expedição na Serra do Aracá

Uma expedição à maior cachoeira do Brasil, a El Dorado na Serra do Aracá, região isolada e repleta de lendas, após 1800km de viagens por rios usando diversos tipos de barcos.

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Em 2018 começamos a pesquisar sobre um lugar isolado, cheio de lendas, local que ficava a maior cachoeira do Brasil chamada de El Dorado, uma região que muito poucas pessoas visitavam dentro da Amazônia brasileira com características singulares situado no maciço rochoso acerca de 300 km do Pico da Neblina e considerado um tepui, o único exclusivamente em terras brasileiras. Os tepuis são montanhas em forma de mesetas que estão no chamado escudo das guianas e a maioria deles está na Venezuela sendo mais famoso o Monte Roraima que fica na tríplice fronteira do Brasil com Venezuela e a Guiana Inglesa.

Vamos navegar num total de 1800 Km por 5 rios em diversos tipos de barcos até um dos locais mais isolados da floresta amazônica, no Parque Estadual da Serra do Aracá, já em terras ianomâmis e perto da fronteira da Venezuela.

 1º dia sexta-feira 22/07/22

 Nossa expedição começa em Manaus onde todos chegaram na véspera para embarcar numa lancha expressa que nos leva durante 13 horas até a cidade de Barcelos subindo o Rio Negro por cerca de 500 km. São grandes lanchas que levam um pouco mais de 100 passageiros numa velocidade média de 20 nós (± 37 km por hora). Existem mais duas formas de fazer esse trajeto, uma é pelo barco regional também chamado de Recreio que demora 24 horas e outra é por um pequeno avião cujo vôo depende das condições climáticas pois é sem instrumentos. Todos vieram na lancha e somente uma pessoa seguiu de avião no dia seguinte.

Um dos grandes desafios dessa expedição é ter alimentação suficiente para todos e planejamos com o auxílio da nutricionista o cardápio e as compras que foram feitas, parte em Manaus e parte em Barcelos, e alguns itens levados desde o Rio de Janeiro. Os membros da expedição que chegaram no dia anterior também foram as compras das bebidas que iríamos consumir durante a viagem.

 2º dia sábado 23/07/22

 Pelas duas e pouco da madrugada chegamos em Barcelos E desembarcamos no cais com toda a bagagem. O outro barco que nos levaria em direção à Serra do aracajá estava ali posicionado e só fizemos a troca de barcos, todos preparando as suas acomodações do segundo andar e redes para dormir um pouco.

Ainda tínhamos tempo de fazer as compras de última hora como botas de borracha (galochas) alguns lanches e algo que se tenha esquecido. As oito e pouco da manhã chegou s última integrante da expedição vindo pelo avião desde Manaus.

Em Barcelos o acesso à telefonia e internet 3G ou 4G é precário apesar de funcionarem as três operadoras, Claro Tim e Vivo, sendo que a Vivo não funciona com internet só voz. A lei de Murphy diz que se algo pode dar errado dará, e se confirmou quando o banco Itaú bloqueou a nossa conta por transações altas fora do domicílio criando um problema enorme. Nessa pequena cidade de 30 mil habitantes só existem o Banco do Brasil, o Bradesco e uma loteria da Caixa Econômica Federal.

Finalmente às 9:00 da manhã partimos todos subindo o Rio Negro até a foz do rio demini também chamado de boca do aracá. Iríamos navegar dia e noite durante cerca de 35 horas dia e noite sem parar até o ponto final onde o barco estaciona e trocamos para as voadeiras.

Neste segmento da viagem percorremos em torno de 270 km numa velocidade média de 6 nós (11km/h) passando pelo Rio Negro e depois o rio Demini e finalmente o Rio Aracá.

Ainda estávamos na época da cheia Talvez no início da vazante mas numa região do Rio aracar existem os pederais um lugar de risco para barcos do porte do nosso contudo nosso prático o piloto do barco tinha experiência e conseguiu atravessar sem nenhum problema mas é um momento em que todos ficam tensos porque as pedras poderiam quebrar o casco do barco e encerrar a nossa aventura ali mesmo.

Vimos belas paisagens e alguns animais pelo caminho, uma onça na margem foi vista por alguns membros da tripulação. No rio aracá paramos na comunidade do Bacabal para pegar os últimos integrantes da equipe local que seria um mateiros e carregadores. Agora estávamos completos com 24 integrantes da expedição sendo 11 o nosso grupo que partiu do Rio de Janeiro.

Levamos sete voadeiras puxadas pelo barco regional, uma serra elétrica, baterias para iluminação e duas armas para segurança do grupo. Aquela região é inóspita um lugar que não existem mais comunidades nem aldeias indígenas e às vezes se cruza com grupos de garimpeiros e outros desconhecidos que cruzam sem se identificar o que pode ser contrabando de pedras preciosas ou caçadores ou mesmo traficante de drogas, sempre fica essa incógnita. Foi assim que cruzamos com um barco estranho, uma canoa carregada com motor de rabeta e duas pessoas mascaradas, possivelmente armadas, descendo o Rio Aracá sem sequer olhar para nós, passando rapidamente. O que estariam levando ficou na imaginação de cada um.

Nossa alimentação para o final de semana era um peixes grelhados, tínhamos café da manhã almoço e jantar preparados pelas duas cozinheiras que assessoravam o grupo. Na montanha teríamos somente café da manhã e há um jantar mas sem os alimentos frescos que podem degradar.

3º dia domingo 24/07/22 

Domingo 24/7 estamos chegando ao 18h ao ponto de parada no Rio Aracá antes do Rio Jaguari. Somos 11 + 13 da equipe local. Total de 24 pessoas.

Um dos amigos está com febre de 39 graus por alguma virose, talvez não suba ao tepui. Não sabemos se foi por intoxicação alimentar ou água contaminada.

Previsão de 2h para atravessar o Rio Jaguari e de 2h a 6h para atravessar o Igarapé Preto dependendo dos obstáculos.

A trilha para o base da cachoeira é muito fechada, não existe, então decidimos dividir o grupo e 2 pessoas vão abrir a trilha para depois trazer o grupo e todos os demais subirão a montanha até o topo, onde será o acampamento.

Vamos tentar abrir a trilha com facões, dormir em redes, levaremos uma arma por segurança e vamos  gravar o tracklog da a trilha no GPS. Uma aventura extrema num local isolado.

 Nosso barco tipo regional com 2 andares está levando 7 voadeiras. 6 delas levarão nosso grupo e equipe pela dois rios, eu Jaguari e Igarapé Preto, cujo calado do permite a entrada de voadeiras. Os equipamentos incluem alem do normal uma moto serra para cortar possíveis troncos caídos no igarapé que impeçam a passagem das voadeiras, baterias para iluminação no acampamento 

4º dia segunda-feira 25/07/22 

5º dia terça-feira 26/07/22 

Quarta 27/7 grupo dividiu, parte subiu ai topo, parte foi abrir a trilha , eu com o Aldo, fomos por 3km, terreno bom lama, alagado, estamos sem a arma prevista, ficou com a Vivi e acompanhante. A Vivi foi mordida por cobra, alguns acharam ser aranha… Tivemos várias imprevistos…1º o Luiz pegou infecção virose diarréia vômitos e voltou para Barcelos…

Na ida uma voadeira quebrou o motor, voltaram remando ao barco regional para trocar o motor.

Outros imprevistos com diarréia e vomitos,vo vande e eu, idem o Paulo e Jefferson

Eu e o Aldo dormimos em rede 1 noite na floresta.

Fomos sem a arma que ficou com a Vivi e um rapaz.

Abortamos devido a minha febre diarreia e mal estar que poderia piorar num local mais isolado ainda

Dormimos numa altitude de 70m

6º dia quarta-feira 27/07/22 

6º dia quinta-feira 28/07/22 

7º dia sexta-feira 29/07/22 

7º dia sábado 30/07/22 

9º dia domingo 31/07/22 

10º dia segunda-feira 01/08/22 

11º dia terça-feira 02/08/22 

12º dia quarta-feira 03/08/22 

13º dia quinta-feira 04/08/22 

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